05/11/08 – 12h49 – Atualizado em 05/11/08 – 13h59
‘Turno da fome’, no horário do almoço, foi subdividido.
Reformas da escola fazem com que alunos tenham poucas aulas.
Um colégio estadual de São Paulo tem turnos com duração de duas horas. É esta a realidade na Escola Estadual José Porphyrio da Paz, na Zona Sul da capital. A instituição de ensino é pequena demais para os 2 mil alunos que abriga.
Desde 2006, a escola já mantinha o chamado “turno da fome”, um horário de aulas intermediário, no qual as crianças estudam na hora do almoço. O turno tinha duração de 3h40 e foi criado para acomodar mais alunos no mesmo espaço.
Na época, o governo do estado e a prefeitura da capital prometeram criar mais salas de aula, para que os alunos passassem o tempo necessário na escola.
Os planos de ampliação da escola saíram do papel, a obra começou, mas o problema é que o trabalho está sendo feito em pleno ano letivo, durante as aulas. Com isso, o chamado turno da fome não acabou, foi subdividido e os alunos passam ainda menos tempo estudando.
A dona de casa Janice de Carvalho vive isso na pele. A sobrinha e a filha estudam na mesma escola, só que os horários são nada convencionais. Amanda está na primeira série e entra às 11h. Aluna da 3ª série, Caroline, de 9 anos, começa a aula bem no horário do almoço. As aulas começam às 12h40 e terminam às 14h40.
Para os estudantes da primeira e segunda séries, como a Amanda, o dia de aula dura apenas 1h20. Janice precisa se desdobrar para levar os dois filhos e a sobrinha para a escola.
Mas a correria não é o pior. O pouco tempo de aula compromete o ensino. Segundo o autônomo Antonio Francisco dos Santos, pai de um estudante, o ensino não vai bem. “E eles aprendem? Não aprendem o suficiente como é para aprender”, diz.
De acordo com a diretora de ensino da Regional Sul, Maria Lígia Belizário, a escola vai voltar ao normal. No entanto, os estudantes terão de conviver com as obras de reforma.
Novo programa
Nesta quarta-feira (5), a Secretaria de Estado da Educação lança um programa para agilizar os consertos e as pequenas reformas nas escolas estaduais. O nome do programa é “Sempre”.
Até agora, quando ocorre um problema no prédio de um colégio estadual, o diretor tem que chamar a diretoria de ensino, que avisa a coordenadoria, que encaminha o pedido para a Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE). Com esse programa, a secretaria vai lançar um telefone 0800 para tornar os contatos mais rápidos. Segundo o estado, as reformas urgentes vão começar cinco dias após o pedido. Antes eram dois meses, se não tivesse que haver licitação.